Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!
… Antes de tudo, é preciso ser de Deus!…[1]
Em nossa caminhada evolutiva nos deparamos com pessoas de
todas as idades se ocupando com as mais diversas atividades na
seara espírita.
Muitos de nós ainda habituados a considerar a vida como este ato,
onde encarnados, encontramo-nos na primeira infância,
adolescência, juventude, maturidade ou velhice, olvidamos que,
enquanto Espíritos imortais, podemos ser milenares.
Por outro lado, ainda que milenares, se decidirmos por nosso livre
arbítrio estagnar, manter-nos-emos, por maior tempo, na infância
espiritual.
Ocorre que a evolução é uma certeza e com menor ou maior tempo
e trabalho, todos estamos fadados ao sucesso, a pura e eterna
felicidade, consoante se depreende da questão 115, de O Livro dos
Espíritos.
Assim, estar encarnado e nesta vida ser cronologicamente idoso ou
jovem, como ensinou Jesus a Simão Pedro, não importa, antes de
tudo é preciso ser de Deus.
E sendo de Deus e nos reconhecendo enquanto Seus filhos,
começamos a sentir a sua presença amorosa em nossas vidas e a
partilharmos esse amor com os demais filhos de Deus, a parentela
de irmãos, independentemente de suas idades.
Em uma família consanguínea, constituída de mais de um filho, é da
biologia e da lógica que uns sejam mais velhos que os outros. Ao
ampliarmos o conceito para a família universal, também é natural
que tenhamos irmãos idosos e jovens.
Aos idosos somos convidados a respeitar e zelar, tanto por
disposição da lei dos homens, como preconizado por nossa
Constituição Federal e pelo Estatuto do Idoso, em sua amplitude
protetiva, quanto pelas leis naturais e portanto imutáveis,
representada pela Lei Maior de Amor, Justiça e Caridade.
Aos jovens o convite da vida é similar, já que gozam de proteção
legal pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e agora também do
Estatuto da Juventude, e estão, como todos, sob o amparo das Leis
de Deus, que não privilegia nenhum de seus filhos.
Como filhos do mesmo pai, todos criados simples e ignorantes, uns
com maior caminhada e outros iniciantes, meditemos, quanto ao
contributo de cada um de nós no trabalho de propagação do
Evangelho de Jesus, dentro da proposta da doutrina espírita, da
promoção do Espírito imortal.
Os que vieram primeiro, abrindo as trilhas, tiveram as mãos
calejadas e o corpo cansado, na edificação do alicerce. Os que já
encontraram a casa erguida, são convidados a mantê-la em pé,
trabalhando para que a base forte, logre outros degraus.
Nenhum trabalho anterior ao nosso é desprezível ou insignificante.
Os que vieram antes e que ainda estão entre nós, contribuíram e
ainda contribuem, com o exemplo de dedicação, persistência,
esforço e doação. Os que agora chegam, muito tem a aprender com
eles e também a renovar e contribuir.
Como esclareceu Jesus a Simão Pedro: “poderíamos acaso
perguntar a idade de Nosso Pai? E se fossemos contar o tempo, na
ampulheta das inquietações humanas quem seria o mais velho de
todos nós? A vida na sua expressão terrestre é como uma árvore
grandiosa. A infância é uma ramagem verdejante. A mocidade se
constitui de suas flores perfumadas e formosas. A velhice é fruto da
experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem depois do
primeiro beijo do sol e flores que caem ao primeiro sopro da
primavera. O fruto, porém, é sempre uma benção do Todo-
Poderoso.
A ramagem é uma esperança; a flor uma promessa; o fruto é a
realização. Só Ele contém o doce mistério da vida, cuja fonte se
perde no infinito da Divindade!…” (Velhos e Moços, in: Boa Nova
Humberto de Campos – Espírito – psicografia de Francisco Cândido
Xavier. 36.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013, p.60).
Assim é que encontramos muitos jovens sábios realizando tarefas
grandiosas na sedimentação de valores humanos e outros idosos
apegados a doenças e queixosos da vida.
A idade, por si só, não determina padrões de comportamento e nem
colheita fausta. Contudo, a oportunidade bem utilizada durante a
nossa encarnação, oportuniza-nos aprendizado e crescimento, seja
por meio das experiências-desafio, seja por meio das experiências-
estímulo, como nos ensina Honório (Práticas do Amor. Honório –
Espírito – psicografia de Afro Stefanini II. Cuiabá: Espiritizar, 2012,
p.130) .
E quando estivermos nos sentindo incapacitados para o trabalho,
seja pela pouca idade ou pelo grande número de anos, inseguros
por observações pouco caridosas de alguns irmãos de jornada,
podemos nos socorrer de um axioma: ninguém tem o poder de criar
nada em nosso mundo íntimo.
O outro pode despertar as matrizes egoicas que ainda existem em
nós, mas como Espíritos Imortais temos o poder pessoal e único
real, de transmutar nossas negatividades e torná-las nossas amigas
evolutivas, contribuindo cada vez mais para o nosso progresso e
dos que gravitam em torno de nós.
Como nos lembra Emmanuel, ao discorrer sobre o encontro de
Paulo e Ananias “o apelo do Céu ao cooperativismo transborda da
lição. Perseguidor e perseguido, reúnem-se no altar da fraternidade
e do trabalho útil. O velhinho de Damasco presta socorro ao ex-
rabino. Paulo, em troca, prodigaliza-lhe enorme alegria ao coração”
(O Senhor mostrará, in: Vinha de Luz. Emmanuel – espírito –
psicografia de Francisco Cândido Xavier. 26.ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2007, p.281).
O desenvolvimento das virtudes latentes em nós, sobretudo a da
irmã humildade, proporcionará a valorização do trabalho dos que
nos precederam e dos que nos sucederem. A humildade nos
convida a acompanhar a Majestade Solar que nos ensinou, por
seus exemplos, que não vinha ao mundo para ser servido, mas
para servir (O cântico das virtudes. Adália – Espírito – psicografia
de Afro Stefanini II. Cuiabá: Espiritizar, 2013, p. 105/107).
Dentro da missão confiada a cada um, de desenvolver as virtudes
latentes em si, lembremos, portanto, de fazer a parte do esforço que
nos compete, para edificação do Reino de Deus dentro de nós, com
a certeza de que estamos amparados pelo Pai, guiados por Jesus,
tutelados por nossos anjos de guarda e orientados por incontáveis
benfeitores espirituais, que se associam a nós pelas doces
emanações do pensamento.
E assim, ao juntarmos as duas energias criativas, dos jovens e dos
idosos, ambos bem resolvidos e cônscios de suas
responsabilidades, teremos o equilíbrio, advindo da união que o
amor proporciona.
Regilaine Magali Bernardi Crepaldi
Colaboradora da Feemt – Regional 13